[encerrado] CURSO ONLINE | mulheres políticas: afetos, estética e capital erótico em meio à agenda neoliberal

com Camila Galetti e Jéssica Melo

Cena do filme Alvorada, de Anna Muylaert

Cena do filme Alvorada, de Anna Muylaert

SOBRE O CURSO

A temática sobre representação política e representação política de mulheres nos proporciona inúmeras entradas de discussão e tem sido tradicionalmente abordada nas Ciências Sociais. Este curso tem como objetivo contribuir na fundamentação teórica no que tange a influência do neoliberalismo e seus desdobramentos no emaranhado político brasileiro na contemporaneidade. Para isso, passaremos pelos debates teóricos a respeito das relações de poder, da perspectiva estética e da violência simbólica ​nos discursos e atuações conservadoras, observando como os afetos são mobilizados em seus discursos e como pavimentam o caminho para o antifeminismo no campo político latino-americana. Mobilizamos literaturas da sociologia política que estão afinadas à crítica ao neoliberalismo, à teoria crítica e a teoria bourdieusiana. Convidamos às/os interessados/as a se juntarem ao debate que realizaremos ao longo dos três dias de exposição teórica e empírica.

CONTEÚDO

  • Aula 1: O primeiro encontro é destinado a introduzir as formas de configuração da política neoliberal ao observarmos o campo político brasileiro. Quais as forças políticas em disputa? Como se constrói a legitimidade das posições de poder? Quem são e como se portam as mulheres na elite política brasileira? Como a imagem das mulheres são construídas historicamente? Qual a imagem legítima e legitimada de ser mulher na política?

    Exploraremos como a política neoliberal (bolsonarista, menemista, macrista, e outras) afetam diretamente as subjetividades femininas por meio da produção cultural que se amparam em modelos rígidos de ser “mulher” (Cyfer, 2015), resultando em práticas disciplinares de feminilidade -reiterado por discursos anti-feministas, implicando diretamente na materialidade corpórea e no ​habitus daquelas que ousam ingressar na esfera pública e disputar cargos eletivos-. Discutiremos também como ocorre a disputa simbólica pela imposição de uma visão legítima de mundo, e como se pode encarar a posição das mulheres na política por meio dessa perspectiva.

    Através da literatura mobilizada, observaremos como os pressupostos estéticos acerca do belo e do feio, do aceitável ou não, estão atrelados à lógica do capitalismo financeirizado e neoliberal (Vergès, 2020). Tentaremos aprofundar no porquê foi produzido historicamente visões negativas sobre as feministas através do tradicional debate de feminismos ​versus ​feminilidades. Para elucidar, traremos alguns casos para serem discutidos ao longo das aulas, observando como a representação é um ponto nodal de disputas e como os corpos, sobretudo os femininos e racializados são sub-representados, marginalizados e dominados em uma estrutura classista, racista, lgbtfóbica e sexista (Lipovestky, Serroy, 2015; Wolf, 2018).

  • Aula 2: No segundo tópico, após a explanação do cenário político a partir do golpe de 2016 aprofundaremos na dimensão simbólica que converge na construção da legitimidade. Tentaremos responder às seguintes inquietações: Quais os mecanismos criados para perpetuar uma situação de dominação às mulheres? Quais padrões de beleza são considerados legítimos? Por que os corpos de mulheres - sobretudo de mulheres racializadas (Vergès, 2020) são alvos de críticas e questionamentos? O que é o capital erótico? O capital corporal ou erótico pode ser interpretado também como uma chave de acesso ao campo político e esferas profissionais? Se sim, quais as implicações disso? Como interpretar a necessidade de transformações corpóreas ao mercado de trabalho e as políticas neoliberais? Como ocorre a violência política de gênero e a violência simbólica?

    Discutiremos nesse momento alguns casos de violência política de gênero ao passar por alguns nomes relevantes da política latino-americana como Marielle Franco, Cristina Kirchner, Marina Silva, Dilma Rousseff, Erika Hilton, Manuela D’Ávila, Joice Hasselmann e outras eleitas, tendo como ponto de partida questões estéticas, observando como ocorre a construção de imagens públicas de representantes políticas. Nos amparamos em autores como Moreno Pestaña (2016) e ​Lipovetsky e Serroy (2015) que afirmam como a imposição de um padrão estético legítimo, no qual a estética da magreza não é um culto totalmente arbitrário impulsionado apenas pela mídia, mas relaciona-se ao individualismo moderno, que cultua “o domínio técnico, à valorização do princípio do controle de si, à ideologia da saúde” sustentando assim a promoção de uma norma estética.

  • Aula 3: No terceiro momento, teremos respaldo de conceitos que estão atrelados à teoria crítica e psicanálise, para se pensar na possibilidade de se fazer uma sociologia das emoções a partir da análise de agentes da nova-direita, mas especificamente as mulheres que ocupam cargos políticos da 56o legislatura. Entrelaçamos a discussão dos afetos com o neoliberalismo, por compreendermos que ​a formação do sujeito neoliberal afeta diretamente as mulheres e suas ações via movimentos sociais, pois o valor das ações coletivas são enfraquecidas. Assim, esse modelo econômico e político favorece as ações de instituições que legitimam a acumulação, a individualidade e inibe a ação dos movimentos sociais como agentes transformadores. Nessa lógica, o neoliberalismo ​mostra-nos autônomos enquanto se destrói socialmente as possibilidades dessa autonomia (Gago, 2020, p. 212), bem como, ressignifica o ser mulher bem alinhado com a lógica capitalista e patriarcal.

BIOGRAFIA DAS MINISTRANTES

Camila Galetti​ é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (2014) onde desenvolveu duas iniciações científicas sobre gênero e primeiro-damismo no Brasil. Mestra em Sociologia pela Universidade de Brasília (2016) onde estudou Movimentos Feministas contemporâneos e ciberativismos. Doutoranda em Sociologia (UnB) na linha de Política, Valores, Religião e Sociedade, onde estuda a ascensão da extrema-direita, antifeminismos e afetos. É pesquisadora do projeto Mulheres Eleitas (LAPPCOM/UFRRJ). Integra a equipe editorial da Revista Espaço Acadêmico. Possui experiência nas áreas de Neofascismo, Ciberativismo, Antifeminismo, Ascensão conservadora e Neoliberalismo. Acesse o lattes

Jéssica Melo​ é doutoranda em Sociologia na Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e graduada no curso de Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura) pela mesma Universidade. Membro do Grupo de pesquisa em Sociologia da Educação, Cultura e Conhecimento (GPSECC) e do NÓS, Núcleo de Sociologia, Gênero & Sexualidade da USP. É também coordenadora e pesquisadora do projeto Mulheres Eleitas (LAPPCOM/UFRRJ). Possui experiência nas áreas de Memória, Sociologia Política, Presidentas Latino-americanas, Elites Políticas e Estudos de Gênero. Acesse o lattes


INFORMAÇÕES

datas: 19 e 26 de Maio e 02 de Junho de 2021

horário: Quartas-feiras, das 19h às 22h

carga horária: 3 encontros de 3h cada / 09h totais

acesso: Utilizamos a plataforma Zoom® para os encontros virtuais; o link para acesso é enviado no dia anterior ao início das aulas. Cadastre gratuitamente pelo site ou baixe o App Zoom.

investimento: R$ 270

vagas limitadas


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