holofote • maria macêdo
Por Sylvia Werneck
Publicado em 15 de Maio de 2021
Progresso, desenvolvimento, evolução. Nos acostumamos a ter tais conceitos (tão ambíguos que abarcam inúmeras interpretações, às vezes contraditórias) como norte. A celebração acrítica deles acarreta desigualdades e violências. Krenak alerta para a prisão que construímos para nós mesmos ao teimarmos nesta “roda de rato”, correndo para tornar a vida “útil” – asfaltamos o chão, envenenamos colheitas, sufocamos a colaboração com o próximo, visto como obstáculo para a satisfação de ambições individuais. Subjugamos, escravizamos, matamos.
Maria Macêdo escolhe a contramão, o caminho de volta à raiz do que nos mantém vivos: o cultivo da terra e dos afetos, tanto presentes quanto ancestrais, legados de saberes terrenos e metafísicos. Mas não são só as origens que povoam sua prática; tomando seu corpo como ícone de tantos corpos atravessados por violências e negligências cotidianas, convida, em performances, pinturas, desenhos e instalações, à reflexão sobre o estado das coisas. Privilegia o contexto das gentes de seu sertão cearense para tratar de assuntos que se expandem para outras paragens – cabem aí feminismo, resistência negra, desigualdades, defesa da educação e respeito a todas as culturas.
Além de artista, Maria é educadora, pesquisadora e, em sua própria definição, fertilizadora de imagens. Nasceu em Lavras da Mangabeira em 1996 e vive em Juazeiro do Norte (CE). Formou- se em Artes Visuais pela Universidade Regional do Cariri, co-lidera o Grupo de Pesquisa Novos Ziriguiduns (Inter)Nacionais Gerados na Arte (NZINGA) e é artista-residente no Laboratório de Artes Visuais Porto Iracema das Artes (2020-21).
• Dança para um futuro cego, 2021. Performance. Foto: Jaque Rodrigues
• Procissão para os corpos que não morreram, 2020. Videoperformance. Imagens: Wandeállyson Landim
• Tálamo, 2018. Performance. Foto: Natália Rocha
• Contenção, 2018. Instalação
• Você fala pretuguês?, 2018. Intervenção urbana. Foto: Lavínia Silva
• Ao vivo, agora, 2020. Pintura/colagem/desenho
• Corpo-terra, 2018. Série fotográfica
• Memória do encontro, 2018-2019. Nanquim s/ papel
• Via, 2018. Videoarte
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