mostra online | acaso.5

Báw Pernambuco, Beto Borges, Fava da Silva, Helena Marc e Marilin Novak

Cinco artistas em cinco cidades, de cinco idades, em cinco estágios de maturação criadora se encontram em um processo de mentoria virtual. Cada um com suas angústias, suas expectativas e motivações. Para as mentoras Sylvia Werneck, Renata Pedrosa e Bruna Bailune, o desafio de escutar mais que ver - sentir ou tocar não nos é dado nestas circunstâncias pandêmicas. Mas então vem a adaptação, uma das habilidades mais essenciais que podemos aprender. Contudo, devemos reconhecer que foram justamente as restrições do momento que possibilitaram colocar no mesmo “não-lugar” Báw Pernambuco, Beto Borges, Fava da Silva, Helena Marc e Marilin Novak.

Este “não-encontro” de artistas com poéticas tão diferentes entre si se desenrolou em trocas férteis, alguns desafios e uma cooperação bonita de se ver. Em cada quadradinho da tela do computador pudemos testemunhar processos florescendo, interpretações dos trabalhos alheios servindo para provocar outras miradas para os próprios fazeres e a criação de uma ação conjunta que possibilitou que um pouco da produção de cada um pudesse viajar fisicamente até os outros, já que os próprios artistas não podem.

Acaso.5 é terra semeada com espécies diferentes em colaboração, sem negligenciar as particularidades de cada uma. Que as regas sejam frequentes e o sol gentil.


Um lance de dados, mesmo atirado em circunstâncias eternas, jamais abolirá o acaso.

E dessa vez, tendo como ferramenta a Mentoria para Artistas Visuais, o lance de dados ­-- ou o velho acaso -- uniu cinco artistas num encontro improvável. Do jovem recifense Báw Pernambuco ao sexagenário paulistano Beto Borges. Da carioca Fava da Silva, atualmente residindo em Buenos Aires, à paulistana Marilin Novak, que na pandemia refugiou-se em Mongaguá (SP); e à campineira Helena Marc.

A localização atual dos cinco artistas traça no mapa da América Latina um desenho semelhante à seta da bússola e talvez forneça a esse encontro um norte, uma metáfora possível. Um agrupamento em tudo heterogêneo e inaudito desenvolveu ao longo da pandemia, por meio do zoom, uma cadeia de afetos e aprendizados que agora deságua neste projeto de Instagram.

E assim, mais uma vez, como que por um lance de dados, o velho acaso -- nesse caso, acaso.5 -- pede passagem.

 

Sobre os artistas

Fava da Silva

(1977, Rio de Janeiro - RJ) vive e trabalha em Buenos Aires. Em seu trabalho, explora imagens que povoam suas memórias e imaginário relacionadas à sua infância, ao contexto social e político brasileiro e sua trajetória enquanto mulher e artista. Estudou artes na School of Visual Arts (NY,) no Parque Lage (RJ), frequentou o ateliê de pintura da artista Leonora Weissmann, além do bacharelado e mestrado na área de cinema. Participou de exposições individuais e coletivas nas Galerias Camarones e Lanzallamas (Buenos Aires), na Galeria NYC (NY), na Casa Azeitona (BH), no Centro Cultural dos Correios (Juiz de Fora e Niterói), Greenpoint Gallery (NY), entre outros. Em 2018 foi contemplada no edital municipal de incentivo à cultura de Belo Horizonte com um prêmio para realização de residências artísticas em Lisboa e Buenos Aires (R.A.R.O). Em 2014, teve suas gravuras publicadas na revista belga Actuel.

 

Helena Marc

(1987, Campinas - SP) vive e trabalha entre Campinas e São Paulo. Bacharel e licenciada em Artes Visuais pela PUC-Campinas e orientada pelo Madalena Centro de Estudos da Imagem (São Paulo), com ênfase na Fotografia na Arte Contemporânea, até hoje participa de diversos grupos de acompanhamento e mentoria para produções artísticas. Sua atuação é pautada na pesquisa sobre as manifestações e subjetividades do corpo e da nudez. Compreendendo a pose como possibilidade de ato performático, desenvolve sua pesquisa poética transitando entre diversas linguagens e suportes como, além da fotografia e performance, video, instalação e desenho, entre outros.

Iniciou sua carreira como artista visual em 2008, participando de exposições coletivas e individuais, dentre elas: Corpo Dado (Galeria Aura, 2019); Crônica (Galeria Sede, 2015); Projeto Malote (Ateliê AT|AL, 2012; Museu da Fotografia, 2011; Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, 2010; Centro Cultural Banco do Nordeste, 2008). Participou da residência artística Nave na Mata (Campinas, 2019). Desenvolve sua trajetória profissional não apenas como artista visual mas também como produtora de arte e cultura, sendo idealizadora e diretora do Lux Espaço de Arte e tendo atuado em importantes espaços como Carbono Galeria, Espaço Breu, SP-Arte e SP-Arte/Foto.

 

Marilin Novak

(1974, Atibaia - SP) vive e trabalha em Mongaguá (SP). É formada em jornalismo pela Fundação Cásper Líbero. Desde 1996 frequenta ambientes ao ar livre, na natureza, como montanhista, jornalista e/ou viajante. Trabalhou 20 anos no segmento de turismo e esportes de aventura. 

Como artista visual, produz desde 2014. Observando principalmente as formas fractais e as cores da natureza, seus trabalhos — fotografia, poesia, desenho e pintura — surgem das relações entre questões sociais de seu tempo (patriarcado e colonialismo; amor cristão e romântico) e suas emoções.

Está em início de carreira. Fez diversos cursos de arte. Teve uma exposição individual (Sertanejo, 2018) na Galeria Fuxico, em Lençóis, Bahia, onde morou, e quatro coletivas de curta duração: Balada Cultural I e II, 2019, na Galeria Fuxico; I Virada Cultural do CERPV-BA, 2018; A Figura Humana na Aquarela, 2017, no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Auto-publicou um livro virtual e um digital ilustrado chamado [livro de poemas]

 

Báw Pernambuco

(1997, Recife - PE) vive e trabalha no Recife. É psicólogo e pós-graduando em Arteterapia e Psicologia Transpessoal. Tem como objeto de estudo a manifestação da psique a partir da expressão de conteúdos simbólicos, usando como base a concepção jungiana de símbolo. No campo artístico, seu trabalho se desenvolve principalmente na pintura, através da qual busca revelar imagens ancestrais presentes em seu psiquismo, na música, no teatro e no cinema. Começou em 2018, quando realizou sua primeira pintura sobre tela e iniciou estudos sobre o teatro corporal com o grupo N.A.V.A. Chegou a se apresentar na peça “O Rio Lixo dos Homens”, de Leandro Navarrete, em 2019.  Também já participou de três exposições virtuais: Festival Cultiv-ARTE (São Carlos, 2020); Virtual Artist Gallery (Londres, 2020) e Pri's Art Salon (Londres, 2020). Atualmente trabalha no Espaço Rizoma, de saúde, arte e pesquisa. E dirige a animação “Portas” (2021). 

 

Beto Borges

(1955, São Paulo - SP), vive e trabalha em São Paulo. Iniciou-se na pintura incentivado por José Roberto Aguilar, depois de trabalhos gráficos produzidos em conjunto. Estuda com Carlos Fajardo e Dudi Maia Rosa.

Sua poética visual predominante é do abstracionismo pictórico all-over, através da acrílica sobre tela, a partir do acúmulo de garatujas e grafias compulsivamente sobrepostas. Desde 2012, produz em paralelo a série “Binários”, que consiste em trabalhos extremamente simples de abstração geométrica onde a cor é a pesquisa principal. Desenvolve também desenhos e trabalhos sobre papel e, desde 2003, mantém o exercício Especular, de autorretratos diários em bico-de-pena ou aquarela sobre papel A4, atualmente com cerca de 6.400 desenhos.

Realizou exposições individuais no Conjunto Cultural da Caixa, em Brasília e São Paulo, e na Casa das Rosas, SP. Selecionado para o 11º Salão Paulista de Arte Contemporânea (MAC-USP), e para a 1ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea, Xapingo, México. 

Participou das exposições coletivas Atlas, no Museu de Arte de São Paulo (MASP), Casa de Cultura Laura Alvim e Galeria Paulo Klabin, Rio de Janeiro; Artistas visitam o Barão, no Museu da Imagem e do Som (MIS-SP); Art du Brésil, Deauville, França; Aberto - Paralelo à 26ª Bienal de São Paulo, na Casa das Retortas, SP; Dois Estados - Dois Povos, no Sesc Pompéia, entre outras.

Durante a década de 80, edita e produz as revistas de arte e poesia visual Almanak 80, Kataloki e Atlas, junto com Arnaldo Antunes e Nuno Ramos, entre outros. É um dos fundadores, em 2003, da Cooperativa dos Artistas Visuais do Brasil.

 

As mentoras

Sylvia Werneck é crítica filiada às associações brasileira e internacional dos críticos de arte (ABCA e AICA) e curadora independente. Tem especialização em Estudos de Museus de Arte (MAC-USP), mestrado em Estética e História da Arte (PGEHA-USP) e doutorado em Comunicação e Cultura (Programa de Integração da América Latina–USP). Como curadora, realiza exposições em espaços culturais independentes, galerias e museus desde 2008. Fez parte da comissão de seleção de novos artistas para a Bienal de Novos Artistas da Caixa Cultural em 2016, desenvolveu projeto curatorial de itinerância do acervo da Caixa Cultural em 2017. É correspondente da Revista Artnexus desde 2012 e colaboradora da Revista babEL desde 2018. Foi jurada do Prêmio Bravo de Cultura em 2018. Lecionou no curso de Artes Visuais do Centro Universitário Senac entre 2007 e 2009. É autora de De dentro para fora - a memória do local no mundo global.

Renata Pedrosa é doutora e mestre em Poéticas Visuais pela ECA-USP com pós-doutorado pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos. Leciona desde 2002 e em 2005 foi orientadora no Laboratório de Artes Visuais: encontros experimentais de estudo, produção e discussão de artes visuais, no Departamento de Artes Plásticas da ECA-USP, onde também foi Professora Contratada Nível III (Doutor). Desde 2017 é docente no bacharelado em animação digital da Escola Britânica de Artes Criativas, além de coordenadora do curso de aperfeiçoamento em Desenho e Ilustração na mesma instituição. É artista visual e desenvolve trabalhos em diversos meios que incluem objetos, ambientes, instalações, intervenções, desenhos e vídeos.

Bruna Bailune é sócia-fundadora e diretora da Galeria Aura, arquiteta e urbanista, pós-graduada em “O Espaço Expositivo na Arte Contemporânea” pela Universidade Politécnica da Catalunha, realizado no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona. Trabalhou na Fundação Roberto Marinho na área de Patrimônio e Cultura, e na produção da 9ª Bienal do Mercosul. É idealizadora e co-fundadora de três plataformas online: Cooosmo Arte Contemporânea (2012), Prisma (2014) e Aura (2015). Há sete anos dedica-se a estudos sobre o funcionamento do sistema da arte.

 
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